O que é a digestão?
A digestão é um processo sequencial e progressivo que se
inicia na boca e continua ao longo do tubo digestivo até ao intestino delgado
e, através do qual o organismo obtém os nutrientes que necessita para o seu
normal funcionamento. Neste processo intervêm fenómenos mecânicos, sendo os
alimentos reduzidos a partículas sucessivamente mais pequenas, permitindo uma ação
mais eficiente dos sucos digestivos, pois aumenta grandemente a superfície
sobre a qual esses sucos vão atuar, a fragmentação faz aumentar a relação
superfície externa-volume.
Os sucos digestivos provocam nos alimentos alterações
químicas pelas quais as moléculas complexas são transformadas em moléculas
sucessivamente mais simples. As moléculas de pequenas dimensões, como a água e
os sais minerais, não são digeridas. Todas as moléculas simples podem
atravessar as paredes do intestino e passar para o meio interno. Daí que a
nível do reto quase não apareçam.
Há nutrientes que, apesar de complexos, não experimentam
qualquer transformação química durante o processo digestivo. É o que acontece
com as fibras vegetais em que a quantidade ingerida é igual à quantidade
expelida nas fezes.
Todas as reações químicas de digestão são possíveis
devido à existência de determinadas substâncias ativas nos sucos digestivos que
se designam por enzimas – catalisadores biológicos.
A digestão na boca e
deglutição
A digestão inicia-se na boca. Aí os alimentos
experimentam a ação de um processo mecânico e de outro químico que conduzem à
formação do bolo alimentar.
Ação mecânica –
através de movimentos contínuos da língua, bochechas, lábios e dentes, os
alimentos são cortados, rasgados e triturados, ficando reduzidos a pequenas frações
– mastigação. Posteriormente, são insalivados e formam uma massa macia
mais ou menos homogénea, o bolo alimentar.
Ação química – a
saliva para além de amolecer e lubrificar os alimentos, possui a amílase,
que catalisa a transformação química do amido (glícido). O amido é transformado
em moléculas mais pequenas de maltose.
Formado o bolo alimentar, surge a necessidade de ser
deglutido passando para a faringe. Na faringe oferecem-se três vias ao bolo
alimentar: via nasal, via respiratória e via digestiva através do esófago.
Automaticamente, o véu do palatino fecha a
passagem para as fossas nasais, a epiglote fecha a passagem para a
laringe (via respiratória), ficando apenas livre a passagem para o esófago,
órgão através do qual o bolo alimentar prossegue o seu trajeto. É a deglutição.
No esófago o bolo alimentar prossegue até ao estômago
devido a movimentos involuntários dos músculos da parede daquele órgão que
produzem ondas de contração, os movimentos peristálticos.
Durante este percurso, a amílase salivar continua a atuar
sobre o amido. O bolo alimentar ao chegar ao cárdia, provoca a abertura deste
permitindo que a massa alimentar entre no estômago.
A digestão no estômago
Chegado ao estômago, o bolo alimentar vai ser
transformado numa pasta homogénea designada quimo. Esta transformação ocorre
devido a dois tipos de ação:
Ação mecânica –
devido à ação dos músculos da parede do estômago, a massa alimentar fica
sujeita a movimentos de deslocação em sentidos alternos: do cárdia para o
piloro, roçando pelas paredes do estômago, e do piloro para o cárdia pela zona
central – movimentos peristálticos. Tais movimentos provocam uma
dilaceração mecânica dos alimentos, facilitam a mistura dos alimentos com os
produtos segregados pelas glândulas gástricas e permitem a sua progressão até
atingirem o duodeno.
Ação química –
esta ocorre devido, essencialmente, à ação do suco gástrico, que é segregado,
não de forma contínua, mas pela presença de alimentos na boca e/ou no estômago,
por glândulas localizadas na parte interna da parede estômago – glândulas
gástricas ou estomacais e do ácido clorídrico que é produzido em células
especiais da parede estomacal.
O suco gástrico é composto pelos seguintes enzimas:
- Pepsina
– transforma as proteínas em prótidos mais simples, os péptidos.
- Casease
– atua na caseína (proteína do leite), coagulando-a.
O Ácido clorídrico produzido pelas células da
mucosa estomacal proporciona a acidez necessária à atuação das enzimas do suco
gástrico e é um potente bactericida, destruindo alguns micróbios ingeridos com
os alimentos.
Após a ação no estômago, o bolo alimentar transforma-se
numa pasta semilíquida esbranquiçada chamada quimo. O quimo é lançado para o
duodeno, em jatos intermitentes, cada vez que o esfíncter pilórico se abre. Por
contração de uma dada região do estômago, separa-se uma porção de quimo que
fica acumulada junto do piloro. Este abre-se, deixando-a passar para o duodeno
e fecha-se em seguida. O fenómeno repete-se sucessivas vezes até que todo o
conteúdo estomacal tenha sido evacuado.
Este processo é muito lento, podendo a digestão estomacal
demorar duas a três horas, se a refeição tiver sido abundante.
A digestão no intestino delgado
À semelhança do estômago, também no intestino delgado a
digestão ocorre por ação de dois processos:
Ação mecânica – o
quimo entra no intestino delgado e, através de movimentos peristálticos, vai
progredindo até ao intestino grosso. Durante este percurso são-lhe misturados,
constantemente, os sucos digestivos que atuam no intestino, que transformam a
massa num líquido denso e de aspeto leitoso, o quilo.
Ação química –
os sucos pancreático e intestinal contêm vários enzimas que vão atuar sobre as
moléculas complexas que ainda estão intactas e sobre aquelas que resultaram já
da digestão parcial experimentada na boca ou no estômago. Assim, dá-se, no
intestino delgado, a completa digestão de todo o tipo de nutrientes passíveis
de transformação.
Depois deste conjunto de transformações obtém-se um
líquido leitoso, o quilo, razão pela qual a digestão intestinal também
se designa por quilificação.
Bílis – líquido viscoso, de cor
amarelo-esverdeada, desinfetante. É segregado no fígado, armazenado na vesícula
e libertado no duodeno, durante as refeições. A bílis é destituída de enzimas
sendo a sua função digestiva essencialmente física - neutraliza a acidez do
quimo e atua sobre os lípidos, emulsionando-os (função semelhante à do sabão),
isto é, dividindo-os em gotículas de pequenas dimensões – emulsão dos lípidos –
e permitindo, assim, uma melhor atuação das lípases de outros sucos digestivos.
A bílis é ainda um bom lubrificante intestinal.
Composição do Quilo:
-
glucose e outras oses (galactose e frutose) –
monossacáridos;
- ácidos
gordos e glicerol;
- aminoácidos:
- água,
vitaminas e minerais que ao longo do tubo digestivo, não sofrem alterações
porque já são moléculas relativamente simples.
- celulose, constituinte essencial das fibras
vegetais apesar de complexos, não são digeridos porque o organismo humano não
possui enzimas capazes de os desdobrar.
Depois de transformados em unidades base, moléculas de
pequenas dimensões que resultaram da digestão, os nutrientes estão aptos a
passar para o nosso meio interno – absorção.
A absorção ocorre em qualquer órgão do tubo digestivo
logo que o tamanho das moléculas e o tipo de células que forma a parede o
permita. Mas é essencialmente o intestino delgado que, pela sua configuração
interna, constitui uma superfície eficaz de absorção dos nutrientes para o meio
interno.
Absorção intestinal
A parede interna do intestino delgado apresenta pregas,
válvulas coniventes, que possuem numerosas saliências, as vilosidades
intestinais . Estas, por sua vez, estão cobertas de microvilosidades. A
existência destas estruturas torna a superfície interna do intestino
extraordinariamente maior do que as suas dimensões, permitindo um melhor
contacto entre os nutrientes e a parede intestinal, o que facilita a passagem
para o meio interno das moléculas simples, resultantes da digestão, absorção
intestinal.
Qual é o percurso dos nutrientes após a
digestão?
- As vilosidades intestinais são percorridas
por uma rede de finos vasos sanguíneos e linfáticos e constituem as unidades de
absorção dos produtos de digestão. Recolhem os nutrientes à medida que a
digestão vai terminando.
- Nível das vilosidades passam para o sangue
por dia 9 litros de água, aminoácidos, monossacáridos, sais minerais e
vitaminas hidrossolúveis. Estas substâncias são conduzidas pela veia porta
para o fígado. Aí circulam numa rede de finíssimos vasos sanguíneos, passando
depois para a veia supra-hepática.
- Os
produtos resultantes da digestão dos lípidos e as vitaminas lipossolúveis
entram no canal quilífero (vaso linfático da vilosidade intestinal) e daí
seguem para o sistema linfático indo mais tarde para a corrente sanguínea. Os
nutrientes absorvidos vão ser distribuídos pelas células onde serão utilizados.
- Outras
substâncias como o álcool, nicotina e alguns medicamentos podem também ser
absorvidas a nível intestinal.
- Depois
da absorção no intestino delgado ficam alguns constituintes alimentares:
algumas proteínas e lípidos não digeridos, água, sais minerais e celulose, que
se dirigem para o intestino grosso, passando pela válvula ileocecal.
Defecação - Intestino Grosso
Na parede deste intestino ocorre alguma absorção de água
e sais minerais. Este órgão é como um “armazém” de substâncias não digeridas,
nem digeríveis.
Os restos alimentares, enquanto se encontram no intestino
grosso, passam por uma série de transformações em consequência da atuação da
flora microbiana. Esta desenvolve-se à custa dos resíduos alimentares, das
secreções intestinais e da própria escamação das paredes intestinais.
As fezes, restos alimentares, mais ou menos sólidos, cujo
aspeto depende da quantidade de água que não foi absorvida e da bílis, são
eliminadas para o exterior, pelo ânus, com a contração voluntária dos músculos
de reto e do abdómen. A este último ato digestivo dá-se o nome de defecação.
Para acabar e para sintetizar a matéria, realizámos este filme onde está, resumidamente, o processo da digestão.
Fonte: http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&ved=0CF0QFjAD&url=http%3A%2F%2Fpwp.net.ipl.pt%2Feselx%2Fnunom%2Felementos%2F04_sistema_digestivo.ppt&ei=2Jq3T_D_O43f8QPYxbDHCg&usg=AFQjCNF96z_9kUSwyeW4E1hmjMYe8HREKw&sig2=JJF1XVxOMEjzbcS3KgmcOw
Reflexão: Como
dissemos na semana passada, hoje decidimos falar sobre a digestão, pois é um
processo muito importante e que ocorre diariamente, assim é interessante
sabermos como funciona o nosso corpo e como tudo acontece. Por exemplo, a
digestão só é possível devido à presença de enzimas no nosso corpo que vão
transformando as moléculas em substâncias mais simples, permitindo que os
nutrientes sejam absorvidos, ou então o que não é digerido, seja expulso pelo
ânus.